Acordo Ortográfico

quarta-feira, 18 de março de 2009 às 11:20
Hoje postei uma assunto menos interessante mas não menos importante visto que no futuro terá algumas implicações na nossa vida...por isso, mesmo que não tenham vontade de comentar (o que se percebe dado o assunto), cultivem-se...

Hoje passeava-me pelas capas do jornais e tive especial atenção a um jornal de menor audiência...falava do acordo ortográfico...

Toda a gente já ouviu falar mas dúvido que todos tenham percebido para que raio serve e quando será implementado e todas as alterações que daí advêm...normalmente as pessoas (incluindo eu) criticam imediatamente este Acordo mas depois de escrever este post consigo desvendar alguma razão a quem não tinha nada que fazer e pensou nisto.

Porquê o Acordo Ortográfico?

Porque o Português é língua oficial em oito Estados soberanos mas tem duas ortografias, ambas correctas, a de Portugal e a do Brasil. Existem desvantagens na manutenção desta situação e a língua será internacionalmente tanto mais importante quanto maior for o seu peso unificado.

A existência de dupla grafia limita a dinâmica do idioma e as diferenças criam obstáculos, maiores ou menores, em todos os incontáveis planos em que a forma escrita é utilizada: seja a difusão cultural (literatura, cinema, teatro); a divulgação da informação (jornais, revistas, mesmo a TV ou a Internet); as relações comerciais (propostas negociais, textos de contratos) etc., onde o Português escrito é utilizado.

Nas relações internacionais, recorde-se que existem quatro grandes línguas (Inglês, Francês, Português e Espanhol) e que o Português é a única com duas grafias oficiais.

Assim, no plano intracomunitário, a dupla grafia dificulta a partilha de conteúdos, no plano internacional, limita a capacidade de afirmação do idioma, provocando, por exemplo, traduções quer literárias quer técnicas diferentes para Portugal e Brasil.

Quais são os Estados signatários (partes) do Acordo Ortográfico?

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. O Acordo encontra-se aberto à adesão de Timor-Leste que em 1990 ainda não tinha reconquistado a independência.

Qual a estimativa de pessoas no mundo que falam a língua portuguesa?

Calculam-se em mais de 200 milhões as pessoas que falam Português em todo o mundo.

A decisão foi tomada em Conselho de Ministros e prevê que, em 2014, todos os portugueses já escrevam com todas as alterações gráficas...


Como escrever em bom português dentro de seis anos?

- O alfabeto passa de 23 para 26 caracteres com a entrada oficial das letras “k”, “w” e “y” que já eram vulgarmente usadas nas palavras importadas de línguas estrangeiras.

- O uso de iniciais maiúsculas deixa de ser necessário para escrever os meses do ano e os pontos cardeais (”abril”, “norte”, por exemplo) e passa a ser opcional para escrever nomes de disciplinas (”geografia”, “filosofia”) ou de ruas, avenidas e praças (”rua do campo alegre”, “avenida dos aliados” ou “praça da república”).

- As consoantes mudas vão ser eliminadas de todos os vocábulos. São exemplos o “c” (”correto”, “afetivo”, “coleção”) e o “p” (”ótimo”, “exceção”, “perentório”). Palavras como “convicção”, “ficção”, “egípcio” ou “rapto” não sofrem qualquer alteração porque as consoantes são pronunciadas em Portugal e Brasil. Nos casos em que estas consoantes não são mudas, nos dois países, devido à forma como são pronunciadas, mantém-se uma dupla grafia (”aspecto/aspeto”, “caracteres/carateres”, “corrupto/corruto”, “recepção/receção”). A dupla grafia mantém-se, também, nas palavras com sequências “bt”, “gd”, “mn” e “tm” (”subtil/sutil”, “amígdala/amídala”, “omnipotente/onipotente” ou “aritmética/arimética”), uma vez que o acordo permite a escolha facultativa.

- A eliminação de acentos verifica-se em palavras como “para” (forma verbal), “pelo” (substantivo), “demos” (modo conjuntivo), mas mantém-se a dupla grafia nos vocábulos de acentuação esdrúxula (”académico/acadêmico”), aguda (”metro/metrô”), graves (”bónus/bônus”). As conjugações verbais da terceira pessoa do plural do indicativo passam a escrever-se sem acento (”leem”, “reveem”), assim como as palavras terminadas em “o” duplo (”voo”, “enjoo”). No Brasil, os ditongos abertos “ei” e “oi” e as palavras paroxítonas como “assembleia” ou “ideia” também perdem os acentos.

- As novas regras do acordo prevêem (preveem) ainda a supressão dos hífenes nas formas do verbo “haver” que se unem à preposição “de” (”hão de”, “hei de”), na palavra “fim de semana”, mas não nas “pé-de-meia” ou “cor-de-rosa”. Em relação às palavras formadas por prefixação há várias situações a ter em conta: quando os vocábulos começam por “r” ou “s” e os prefixos acabam em vogal, cai o hífen e dobra a consoante (”antirreligioso”, “contrarregra”), mas se a palavra começar por vogal o hífen também desaparece (”contraordenação”), excepto se as duas vogais forem iguais (”pré-eliminatória”). Abre-se, ainda, a excepção (exceção) para o prefixo “co” (”cooperação”).


Desculpem o assunto maçudo e indejesto...prometo que o proximo post será menos agressivo...

1 Responses to Acordo Ortográfico

  1. Gudu Says:

    epá...vantajoso ou não sei, sinceramente acho que muito pouco! os brasileiros falam português com sotaque! não foi assim que "nós" os ensinamos a falar pois não?
    Acho que este acordo vai gerar grande confusão muito sinceramente, mas até lá, vamos aguardando!

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